A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) deverá aprovar, na próxima semana, um reajuste das bandeiras tarifárias, um valor adicional que encarece as contas de luz sempre que o custo de geração da energia sofre alta.
A tendência, segundo técnicos que participam das discussões com o governo, é a de que o conselho diretor da agência aprove um aumento que varia entre 40% e 60% das bandeiras — o que acarretará um aumento entre 15% e 20% na conta de luz.
Os números ainda estão sendo fechados pelos técnicos da agência e devem vigorar a partir de julho. A expectativa é que permaneçam nesse patamar até o final do ano.
O sistema de bandeiras reflete a situação do sistema elétrico ainda muito dependente das hidrelétricas, que hoje se ressentem da pior seca dos últimos 91 anos.
Na bandeira verde não há adicional para cada quilowatt-hora consumido. Na amarela, esse extra é R$ 1,34 por kWh (quilowatt-hora). Na bandeira vermelha, há dois patamares -R$ 4,16 (nível 1) e R$ 6,24 (nível 2).
Diante da mais grave crise hídrica dos últimos 91 anos, a Aneel impôs a bandeira vermelha 2 em junho.
Caso o aumento se confirme, o preço a mais do kWh passaria dos atuais R$ 6,24 para cerca de R$ 10.
Esse movimento exercerá mais pressão sobre a inflação medida pelo IPCA que, no acumulado dos últimos doze meses, atingiu 8% — dos quais cinco pontos percentuais foram provenientes das altas de preços da energia.
O aumento se deve, sobretudo, à autorização pelo Ministério de Minas e Energia para que usinas termelétricas sejam acionadas a fim de injetar energia no sistema.
O problema é que essas usinas geram energia a cerca de R$ 1.200 o MWh (megawatt-hora), quase nove vezes mais do que a média do mercado. Esse gasto adicional já encareceu a conta do consumidor em quase R$ 9 bilhões.
Sem isso, no entanto, o governo considera que o país caminhará para uma crise de fornecimento de energia e, possivelmente, um racionamento.
O objetivo é poupar ao máximo a água dos reservatórios, que estão em seu nível mais baixo em décadas.
Consultada, a Aneel não quis comentar.
FOLHAPRESS
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